O projeto pretende suscitar reflexão sistemática sobre o pensamento cartesiano, tanto no que diz respeito à formulação originária do filósofo francês e às suas fontes, quanto aos seus grandes leitores e à tradição que se forma ao longo do tempo a partir deles. Realiza, para tanto, debate acadêmico reiterado entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros que estudam o pensamento cartesiano, as suas fontes, a sua tradição, ou a sua retomada contemporânea pela Fenomenologia. Procura, assim, distinguir o pensamento do próprio Descartes do que lhe é atribuído pela tradição, quer entender as opções interpretativas da tradição e descobrir no esforço originário de constituição do pensamento do próprio Descartes elementos que renovem a discussão filosófica contemporânea. Nessa última perspectiva, entende a Fenomenologia como um neo-cartesianismo, explorando, por um lado, a releitura que os fenomenólogos fazem do texto cartesiano, mas também, por outro lado, o momento cartesiano desses filósofos, a saber, as ideias cartesianas reelaboradas por eles que lhes permitiram constituir ou reorientar as suas próprias fenomenologias. A partir desse quadro conceitual, examina a ressonância cartesiana na formulação de questões essenciais como subjetividade, mundidade, afetividade, corporeidade, tipos e limites da racionalidade, estatuto da objetividade, da técnica e da natureza, Deus e a religião na era pós-secular, papel da metafísica como filosofia primeira e como onto-teologia na época do “fim da metafísica” e formulação de novos paradigmas éticos. Com este projeto, os seus participantes querem constituir, portanto, uma referência acadêmica para outras iniciativas no País e no exterior a propósito da obra de Descartes e de sua leitura através da História da Filosofia, promovendo estudos, pesquisas, seminários, colóquios, edições de textos do ou sobre o autor e sobre as várias questões tematizadas a partir dele.